Acorda, mundo!

A Hora do Planeta, movimento que ocorreu no dia 28 de março e foi anunciado aqui no blog, teve uma adesão incrível por todo o mundo. Foram 3.943 cidades em 88 países desligando suas luzes por uma hora. Segundo o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a Hora do Planeta foi “a maior demonstração da preocupação pública com as mudanças climáticas que já se tentou fazer”.

Além de alertar a sociedade sobre a gravidade das mudanças climáticas, o movimento teve o objetivo de pressionar as autoridades mundiais a se unirem e tomarem decisões eficazes para lidar com o problema ambiental. Em dezembro deste ano, ocorrerá Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, em Copenhagen, onde os líderes da maioria dos países do globo irão discutir o tema.

Abaixo a ex-integrante do Diga Lá e atual colaboradora do grupo, Camila Mont'Alverne, relata como foi sua experiência na Hora do Planeta:

"Seria mais uma noite de sábado comum se não houvesse aquela aura de esperança e compromisso no ar. Será que as pessoas apagariam realmente as luzes? Qual seria o impacto daquela movimentação? Estávamos envolvidos pelo misto de curiosidade e revolta, de protesto e novidade. Em outras cidades do mundo, a participação foi maciça. Como seria na nossa província esquecida e que gosta de esquecer?
Às oito horas, então, as luzes foram apagadas. Sob o protesto do projeto de pessoa presente, que insistia em ser controlada pelo controle da TV, toda a casa ficou no escuro. À luz de velas, nos acostumamos com a falta de claridade que, por diversas vezes, só nos deixa ver o que ela quer. Dando uma pausa na maré de informações e velocidade que nos cercam, afloramos nossas subjetividades.
Durante o jantar, ainda com pouca iluminação, os mais diversos temas vieram à tona, obrigando-nos (ou obrigando-me, nunca se sabe) a rever conceitos e posições que perpassam a existência. A clareza foi tanta que nos esquecemos de acender as luzes, e a nossa Hora do Planeta durou bem mais que 60 minutos, talvez ainda esteja acontecendo.
Lembramo-nos, ainda, de olhar pela janela e ver quem nos tinha acompanhado. Tivemos a impressão de ver uma luz apagando em outro prédio, enquanto a cidade permanecia acesa. Mas não mais importava, a nossa saída da caverna já tinha começado, só falta incentivarmos muitos outros a quebrar as amarras."

Lembrando que o "Hora do Planeta", apesar de seu grande sucesso, foi um gesto simbólico. O que deve acontecer é a conscientização de que ações cotidianas devem ser repensadas em favor do planeta.

Raíssa